"UMA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA: BREVE REFLEXÃO"

UMA EDUCAÇÃO EMANCIPADORA: BREVE REFLEXÃO

RESUMO


O presente texto objetiva refletir, de forma breve e direta, sobre a EAD enquanto modalidade de ensino cuja proposta emancipadora favorece a autonomia de seus sujeitos na construção do conhecimento, não tendo o professor como centro do processo e sim, o desejo do aluno pela busca da verdade. O mesmo fundamenta-se nas ideias apontadas por Joseph Jacotot e Paulo Freire.


Palavras-chave: EAD, conhecimento, aprendizagem, emancipadora.

A educação vem sofrendo profundas mudanças de paradigmas decorrentes das mudanças sociopolíticas e culturais da sociedade.

Nesse contexto, a EAD surge como uma modalidade de ensino que perpassa a relação espaço/tempo escolar, representando, sobretudo, uma possibilidade de reflexão profunda acerca do processo educativo fundamentado nos moldes tradicionais – professor e aluno interagindo em um ambiente físico.

A EAD assume, portanto, uma função diferenciada de aprendizagem capaz de atingir o nível de diálogo priorizado baseado na concepção epistemológica através de uma abordagem pedagógica que oferece ao aluno o reconhecimento das possibilidades de uma auto-aprendizagem e da aprendizagem colaborativa.

A metodologia de ensino proposta pelo professor de literatura francesa, Joseph Jacotot, diverge radicalmente do método Socrático, pois acredita que o socratismo é a forma perfeita do emburrecimento, uma vez que as suas interrogações levam ao saber, mas não à emancipação[1] .

Comparando a ideia da educação emancipadora para Jacotot com a crítica de Paulo Freire (ao método de ensino “bancário”, é possível perceber que ambos creem que a educação não deve se pautar na separação em níveis de seus sujeitos, ou seja, não há diferença entre mestres ou aprendizes no que se refere à inteligência.

O que existe é a aprendizagem através de uma metodologia em que o próprio desejo/vontade do aluno em conhecer a verdade basta.

Da mesma forma que Freire (1983) repudia a ideia de um professor “ensinante’’, Jacolot defende que a aprendizagem vinculada a explicações não é, absolutamente, necessária e que a palavra do mestre emudece a matéria ensinada, pois reduz a verdade uma única visão: a do mestre.

Partindo da premissa de que a educação é um processo de tomada e/ou retomada de consciência como resultado natural de um processo dialógico entre as práticas socioculturais, políticas e a multiplicidade de experiências de vida individuais, Freire (ibid) discorda de uma educação balizada na transmissão de conhecimentos como se as pessoas fossem um depósito.

Para ele “as pessoas se educam entre si mediatizadas pelo mundo”. Destarte, acredita-se que a EAD constitui-se como uma modalidade educacional diferenciada que

[...] não se baseia na técnica da retórica, eliminando, assim, um de seus efeitos possíveis: a sugestão. Nesse sentido, ela elimina a facilitação da sugestão na transmissão, cortando, dessa forma, o efeito sofístico que pode causar a presença do orador e a conseqüente emoção causada ao espectador. (MURTA, 2010).

No contexto da EAD o papel do professor não se apresenta como aquele que transmite conhecimentos, mas que media a construção do mesmo, onde a vontade do aluno e sua busca são as determinantes para o êxito do processo.

[1] Baseado na análise do “Diálogo do Mênon”, o escravo continua escravo, sem sair dessa condição, visto que Sócrates não pretende que ele aprenda, deseja tão somente ilustrar a sua proposta. Ao invés de propiciar a emancipação do escravo, Sócrates o toma pela mão para que ele possa encontrar o saber em si mesmo. A demonstração do seu saber é, ao mesmo tempo, segundo Rancière, a demonstração de sua impotência para caminhar sozinho. Sócrates interroga um escravo que deve permanecer na condição de cativo.


Referências:


FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.12a edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.


MURTA, Cláudia. Metodologia EAD/Cláudia Murta – Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de Educação Aberta e à Distância, 2010. 50 p.: Il.

Autoria: Grupo 1